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segunda-feira, 24 de maio de 2010

O adormecer do gigante


É meus caros amigos, está chegando a hora de nos despedirmos de nossa segunda casa. Digamos que esta passará por uma reforma para nos proporcionar, no futuro, maior modernidade e conforto. Segundo sociólogos, não é preciso ser César para entender César. Quanto aos torcedores das alterosas, é preciso sim ir ao Mineirão para compreender a mágica que possui este gigante. São momentos de alegria, euforia, tristeza e dor que só um jogo de futebol pode levar às pessoas. E para os cidadãos, desde o simpatizante até o clubista, ou do inexperiente ao frequentador, deixo aqui minha dica: vá ao estádio! atleticano, cruzeirense, americano. Leve o pai, a mãe, o avô, vá de carona, a pé ou de coletivo, mas encerre com chave de ouro mais um ciclo que termina na história do Governador Magalhães Pinto. Aquele mesmo que chocoalhava nas décadas passadas, ou que abrigou clássicos como Brasil e Argentina, já com suas elegantes cadeiras. Mas ao subir as escadas e ver o campo, carregue consigo todos os momentos de glórias e alegrias que por ali se passaram. De dores também, por que assim como na vida, elas foram obstáculos que tivemos que ultrapassar, e portanto, não podemos simplesmente descartá-las. Lembre dos astros memoráveis, de Raul e João Leite a Tostão e Reinaldo. Mas não ligue se não conseguir lembrar. Memória também não é o meu forte. Não ligue se não tiver visto ali time nenhum ou se estiver no campo pela primeira vez. Basta guardar bem o que ainda estará por vir.

Talvez muitos não saibam o quanto é maravilhoso acordar aos domingos e dedicar o dia a seu time do coração. Talvez, também não saibam o que é almoçar às 11, para às 1 da tarde estar nos arredores do minera para beber uma gelada. E não precisa saber mesmo. Nem precisa beber. Mas beba, pule, grite! Cada um vai fazendo como quer e criando sua própria rotina no dia do jogo. Faça o que sempre fez, solte foguetes, dance sozinho. Tente esquecer um pouco que aquele palco, em breve, terá suas cortinas fechadas. Não é fácil, sei bem disso. Confesso que virei um especialista em últimos olhares e a cada jogo que passa, torna-se mais pavorosa a ideia de ter esse hábito interrompido, ter a rotina quebrada. Ainda somos meros aprendizes.

Alguma pessoa séria disse que, em torno de dois anos o gigante da Pampulha estará pronto novamente. Enquanto isso não acontece, enquanto o hepta, o hexa do Brasil não chegam... Coma seu tropeiro! Pague caro ou barato, mas sinta a magia dessa combinação perfeita entre a comida e o estádio. Um não anda sem o outro. Digo mais, leve bandeiras, faixas, chapeus e bandeirolas, buzine até a bateria do carro arriar, mas não deixe de fazer do jogo um carnaval. Ou micareta, se assim preferir! Não deixe de abraçar os desconhecidos, que tornam nossos conhecidos após um gol. Faça parte da bagunça meu amigo! Se nunca foi de "geral", experimente pelo menos uma vez, e entenda como é possível ver, nos geraldinos, a essência do povo brasileiro. Em 2014, na copa, o termo poderá até não ser extinto, mas assistir um jogo daquele lugar, nunca será mais o mesmo. Sinta o encanto de ter todas as imperfeições possíveis ao redor, mas ainda sim, achar aceitável a opnião de que aquele setor é o melhor para se ver um jogo.

E quando todo aquele vulcão tiver entrado em erupção, pare, olhe, aproveite todos os segundos e leve guardado na retina cada momento. Devemos aprender a nos separar das coisas também. Vejam como o futebol vai muito além de gols. Mas não despeça do evento com um adeus. Diga apenas um até logo. Em breve mineirão, nos tornaremos a ver. Por enquanto, o gigante esta com sono e deve se repousar por um bom tempo. Mas o tempo voa meu filho! E aí sim, depois do seu despertar, poderemos, mais uma vez, soltar aquele grito gutural que emana na garganta de milhões de torcedores: "Domingo, eu vou ao Mineirão..."

5 comentários:

Gabriel Gama disse...

Excelente texto, Enrico!!

É a pura verdade, cara!
Apesar que os meus encontros dominicais com o Mineirão são um pouco recentes...

Mas, como vc disse, o tempo voa!

Espero que as lembranças deste gigante não fiquem em vão.

Unknown disse...

Parabens Enrico,
esse texto traduziu tudo que eu sinto quando penso que logo ficaremos uma boa temporada sem visitar o gigante da Pampulha!!!

"Talvez muitos não saibam o quanto é maravilhoso acordar aos domingos e dedicar o dia a seu time do coração."

vou morrer de saudads!!! e tomara que realmente o tempo voe meu filho!!!

foconafoca disse...

oooow, MUITO bom. Mesmo. Créditos de revisão pra mim. hahahaha

Maíra disse...

Grande verdade, Enrico! Quem vai uma vez já se apaixona, mas nada se compara a quem praticamente mora lá...

Vou sentir muitas saudades. É como um casamento: na alegria, na tristeza o Mineirão marcou fatos da vida de milhares de torcedores! Que reformem logo e tudo volte como antes, em termos de emoção, mas melhor, em termos de estrutura e modernidade!

Nathália Campos disse...

ai enrico!
arrasou :D

 
Jornalismo PUC-MG - Turma 1º/2010