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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Neymar, você não é Zidane!


Parece meio óbvio, mas sou um apreciador de “carteirinha” do futebol bonito, vistoso, irreverente, elegante... aquele futebol arte. Quando, esporadicamente, aparece esse tipo de jogo, o que nos remetem? Não estou falando somente de craques brasileiros (os “outros” também sabem jogar), mas a Laranja Mecânica, a seleção canarinho de 70, Barcelona/Espanha de 08-10 e, porque não, o Santos Futebol Clube, versão Meninos da Vila 2010, são exemplos que perpassam em nossa mente.

Tudo bem, às vezes tal arte não é concretizada em títulos, como no Carrossel Holandês, mas pode ter certeza, a conquista foi muito maior. Mesmo com os vices consecutivos em 74 e 78, os holandeses entraram para a história com seu “futebol total” e coletivo e seleções como a Tchecolosváquia de 76, campeã européia, não fazem parte deste privilégio. Todavia, onde quero chegar com estes exemplos? Bom, é a final da Copa do Brasil 2010, protagonizadas pelo Santos e Vitória.

O que vi na última quarta-feira mal, mal pode ser considerada uma final. Aquilo foi um legítimo massacre! Briga de gato e rato, se é que pode ser chamado de briga. É bem verdade que a disponibilidade de recursos financeiros é muito maior para os paulistas, comparado com a dos baianos, a “camisa” pesa bem mais e a capacidade técnica do Santos é absolutamente superior a do Vitória, porém esses fatores não justificam o que vimos ontem, na Vila Belmiro. Um time medroso, que abdicou de atacar o jogo inteiro, apostando na sorte e no fator casa. Santa ingenuidade! O comandante rubro-negro, Ricardo Silva, já deveria saber disto. A melhor estratégia de jogo contra times como o Santos é não se intimidar e jogar de forma natural e ofensiva, o Santo André é um exemplo disto. Mas preferiu a clássica retranca e... se deu muito mal. 2 a 0 e as chances de sucesso na segunda partida, escassas.

É irrefutável a força que o Vitória imprime no Barradão, afinal, são 19 gols marcados, nenhum sofrido na competição e 100% de aproveitamento, porém , adversários como Corinthians-AL, Goiás, Náutico, Atlético-GO, Vasco podem servir de parâmetros? Certamente não. Creio que seja improvável reverter o resultado, o título estará em boas mãos.

Mas o que realmente me impressionou na noite desta quarta-feira, foi o lance do pênalti, protagonizado pelo jovem Neymar. A jóia da Vila vinha bem na partida, fez o primeiro gol e aparecia como a principal ameaça no gol de Lee. Aos 27 minutos, Neymar “entorta” o zagueiro Wallace com um corte seco e sofre o pênalti. Aí vem a displicência número 1: Dorival Júnior prefere convocar o jovem para bater o pênalti, ao invés de outro mais experiente em decisões, como Robinho. Displicência número 2: a cobrança. Sem a famosa paradinha, banida pela FIFA, o jovem da Baixada Santista resolve utilizar um recurso mais... inusitado. Após os sucessos do craque Zidane na final da Copa do Mundo de 2006 e do uruguaio “Loco” Abreu na final do Carioca 2010 e na Copa 2010, Neymar utiliza a “cavadinha” para a sua consagração final! Era a sua chance de ser ainda mais aclamado pelos torcedores brasileiros, mas mostrou que não está nem um pouco preparado para uma Copa do Mundo. Resultado: bola no meio e fácil defesa do jovem goleiro Lee. A tamanha irresponsabilidade não esconde as tímidas vaias e insatisfações ouvidas na Vila. Certamente, se a plasticidade da jogada fosse concretizada com êxito, ele seria reverenciado e cairia nos braços do povo, mas o futebol é cruel, Neymar.

De fato, ele é um craque, não há como negar. 29 gols na temporada. Não é a toa que já existe uma proposta, do Chelsea, de 20 milhões de euros na mesa do Santos, mas é preciso amadurecer e conhecer seus limites. Em uma final tão importante, o exercício do marketing particular não pode ser a prioridade. Termino este post, mandando um recado:

- Neymar, você tem um potencial enorme, um jogador diferenciado dos demais, mas, acredite, você não é Zidane!

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Jornalismo PUC-MG - Turma 1º/2010