Pages

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

História não ganha jogo


Confesso que no jogo entre Botafogo e Atlético Mineiro, no Rio, um fato inusitado me chamou a atenção. Em um bar, dois amigos se encontraram e se comprimentaram como de costume. Acompanhados, cada um deles seguiu para seus postos, ainda eufóricos para o início do jogo. Um deles vestia a camisa do Atlético. Já no final do jogo, antes mesmo do término da partida, aquele homem, o mesmo que vestia a camisa do time, se despediu do amigo lhe dando a camisa que vestia. E assim foi, embora sem a mesma. Eu poderia pensar em um simples ato de gratidão, amizade. Mas não, infelizmente, estava na cara que não era. O amor esta acabando. E eu não julgo estes muitos (por que não são poucos) que estão abandonando não viu. Se hoje, até uma criança não quer torcer mais para o Atlético, imagine esses senhores de 40, 50 anos. Se por muitos anos, a mágoa de ter sido fortemente assaltados por juízes ainda esteja agarrada na garganta dos atleticanos, pelo menos nos últimos anos, é esse Botafogo quem está atualizando este tabu negativo. Já são quatro anos com sucessivas derrotas para os cariocas.

“O pão só cai com a manteiga para cima!” Essas foram as palavras de Vanderlei Luxemburgo, técnico do Atlético Mineiro após a derrota no clássico contra o Cruzeiro. O time já não faz gol há três jogos, ainda não tem esquema tático certo, e os jogadores quando não estão fora de rítmo, não conseguem se entrosar. Apresenta muitas mudanças, mas poucas melhoras. E assim, caminha o time mineiro na vice lanterna do brasileirão.

Mas o que mais nos chama a atenção é a forma com que Luxemburgo trata o momento do clube. Assim como no campeonato mineiro, o técnico volta a afirmar que seu time vai chegar lá, mesmo com as mais realistas dúvidas e incertezas sobre o elenco. Que o time é bom no papel todos ja sabem, mas até agora não venceram ninguem. Vasco, Atlético Paranaense e Goianiense que me desculpem.. No mineiro, o galo saiu campeão, o time chegou lá como afirmou Luxa. Mas convenhamos que estaduais não servem de preparação para nenhum time. E mesmo que este time esteja preparado para ano que vem, antes de 2011 ainda tem 2010 para jogar.

Mas porque, então, o Atlético está em uma fase ruim, e o Grêmio (que por sinal acabara de demitir Silas) está em crise, como diz parte da mídia? Seria pela história, pelo curriculum que Luxemburgo tanto exalta? História não é tudo não. Se crise quer dizer fase ruim, porque a fase ruim do galo também não poderia ser considerada uma crise?

Tudo bem que quando a fase é péssima nada da certo. O time até fez bons jogos (como no clássico do dia primeiro), mas esbarra em lançes esporádicos, em expulsões incompreensíveis. Até o técnico, coitado, treina o elenco de muletas, ou na cadeira de rodas. Como diz Roberto Abras, ” êee galo...” Como é que pode..

A torcida tem razão para apoiar o time. As contratações chegaram, os nomes de peso vieram. Já suportaram tantos cabeças-de-bagre que passaram pelo clube. Mas tem um porém: os resultados não estão chegando. Aos poucos, aquelas terríveis nuvens que passaram pelo Mineirão em novembro de 2005 estão sendo relembradas.

Quando escrevi sobre o time ainda na quarta rodada do brasileiro, disse que ainda estava cedo, e que haviam chances para se reestruturar, o campeonato era longo. Hoje, não mais penso assim (e posso apostar meu braço que muitos também não), e o que antes uma sul-americana parecia ser uma ideia ainda realista, hoje nem mais o papel de figurante esta combinando com o Atlético. Desde 2005, a torcida ja aprendeu que o ‘balança mais não cai’ não serve mais. O galo pode cair sim. Só espero que assim como cinco anos atrás, quando onze meninos se desdobraram para tentar desfazer a sujeira de vários marmanjões, a culpa e o dever de reerguer o time não caia novamente sobre a base. Ao técnico, ao time, à diretoria é bom se apressarem. Tomara que eu queime minha língua, porém mais dia menos dia, nem mais Kalil irá suportar essa ladainha de técnico com história.

0 comentários:

 
Jornalismo PUC-MG - Turma 1º/2010