Pages

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Por que acreditar?

Quatorze anos. É o tempo que levou para o basquete brasileiro voltar a ser notado... pelos brasileiros. Um sexto lugar nas Olimpíadas de Atlanta, 1996, foi o melhor resultado da seleção nesse período. Mas isso pode mudar.

Nesse intervalo de tempo, a chegada dos primeiros brasileiros à NBA mascarou um pouco a podridão interna do basquete nacional. Ao mesmo tempo que Nenê, Leandrinho e Varejão alcançavam o topo do basquete mundial, a seleção brasileira já acumulava duas Olimpíadas sem ser representada.

No Mundial de 2006, no Japão, o basquete brasileiro chegou ao fundo do poço. Foi quando o time, bi-campeão mundial, fez a pior campanha de sua história, ficando na 19º posição, em uma competição de 24 seleções. E as nossas “estrelas” de NBA estavam em quadra.

Depois de críticas e boicotes à liga nacional, a CBB passou por mudanças políticas. Em 2009, uma nova liga foi estruturada e treinadores estrangeiros passaram a implantar sua filosofia na seleção brasileira, uma vez que os brasileiros não foram competentes o bastante para, sequer, manter um grupo unido durante uma competição.

Hoje, a seleção vive seu melhor momento desde Atlanta. Venceu a Copa América de 2009 (torneio classificatório para o Mundial) e se classificou bem no grupo mais difícil da competição. Tem um técnico campeão olímpico e tem um grupo unido e focado no objetivo: jogar com raça.

Nesta terça-feira, oitavas-de-final contra a melhor seleção do planeta, de acordo com o ranking da FIBA. Campeões olímpicos de 2004. Então, por que acreditar que o Brasil avançará às quartas-de-final?

Alguns motivos me fazem pensar que os hermanos voltarão para casa amanhã. Primeiro, a ausência de, talvez, o melhor jogador da história dos portenhos, Manu Ginóbili, e também a de Andrés Nocioni. Ambos jogam na NBA. Sem eles, restam “apenas” Luis Scola, o cestinha da competição até o momento, e Carlos Delfino, ambos da NBA, como destaques da equipe. E os - bons - números dos dois são relativamente enganosos, uma vez que o grupo da Argentina foi talvez o mais fraco.

Mas os motivos mais importantes estão do lado de cá do Rio Uruguai. Como mencionado, a Argentina venceu os Jogos Olímpicos de Atenas, treinada por Ruben Magnano. Hoje, ele treina o Brasil. Outro grande motivo é o elenco brasileiro. Apesar de não contar com Nenê, o grupo, que joga junto há anos, conta com jogadores em seu auge técnico, como Leandrinho, Varejão, Marcelinho e Huertas. Splitter, considerado por muitos o melhor jogador do planeta fora da NBA até o fim desta última temporada, é o melhor jogador do time e não me atrevo a dizer que está em seu auge. Ainda acho que ele crescerá muito e terá o destaque que merece nos EUA.

O Brasil está forte e motivado. Jogar contra a Argentina, no dia em que se comemora nossa independência, já é combustível o bastante para os jogadores suarem sangue amanhã em Istambul. Perder para a número um do mundo não será demérito, mas vencê-la será histórico. Será o marco da mudança para melhor do basquete no Brasil. E eu acredito que serei testemunha desse marco.

0 comentários:

 
Jornalismo PUC-MG - Turma 1º/2010